O
maior desafio do mundo da informação é, para quem estuda, como
organizá-la, como encontrar critérios que viabilizem a organização
da informação e que permitam, com isto, torná-la disponível
quando necessária. Ora, tais critérios são, antes de tudo, formas
de pensar e de sentir, ou seja, formas de viver. Quem pretende
enfrentar o mundo da informação somente com a cabeça, com
abstrações, não irá muito longe. O excesso de informação mal
compreendida, mal armazenada, significa o mesmo que confusão. Não
há muita distância entre confusão e falta de informação. Não
será possível chegar ao conhecimento crítico, inovador, com uma
relação meramente racional diante das informações. Este é o
caminho da congestão mental. O acúmulo de dados, seja em
computadores, seja em cérebros vivos, não representa conhecimento.
A análise, a fragmentação dos dados, sem uma correspondente
síntese, não leva a nenhum conhecimento útil e pode, pelo
contrário, levar a muitos conhecimentos inúteis.
Ninguém pode ensinar a quem não quer aprender, a quem não se encontra disponível para as incertezas e em busca de conhecimento. Não é possível orientar quem está parado e não pretende ir a lugar nenhum. Não é possível orientar sem aprender a orientar com o orientando. Ensinar é fundamentalmente aprender. Aprender a enfrentar o desafio da vinculação da emoção com a razão no processo de conhecer e, além disso, enfrentar o desafio de criar meios, mecanismos, recursos, instrumentos, estratégias e táticas que mobilizem, no educando, sua emoção em paralelo com sua razão. Esquecer ou reprimir a primeira em função da segunda, sob a alegação de que a emoção apenas atrapalha o conhecimento científico, é retroceder mais de um século na psicologia da aprendizagem.
Aprender a aprender é realmente o mais importante na sociedade da informação. Estar em busca de, estar ideologicamente inquieto, insatisfeito, é pré-condição de aprendizado efetivo. Ter aprendido algo significativo implica em conseguir emocionar-se, até certo ponto, toda vez que nos relacionamos novamente com tal conteúdo. Quem aprendeu com a cabeça e com o coração sempre tem algo mais a dizer sobre o que parece ter aprendido. Consegue reemocionar-se toda vez que se envolve com o aprendido. Assim, torna-se mais persuasivo, convincente, quando busca partilhar seu conhecimento com os demais. A representação do aprendido não é apenas uma re-apresentação do conhecido, em forma racional, abstrata. É também uma representificação, uma nova viagem, um novo mergulho.
Poética,
Diálogo e Razão
O
diálogo não se estabelece no vazio e, mais que isso, podemos
perceber que o indivíduo, o tempo todo, constrói sentidos. Somos
dotados de capacidade de construção de sentidos e reordenação de
idéias, logo, compreensão, frente às problemáticas do cotidiano.
As linguagens, sozinhas, não dão conta das inúmeras possibilidades
de ordenar o mundo. Necessitamos do outro nessa compreensão, visto
que a compreensão sempre é, em certa medida, dialógica.
O
conhecimento dialógico é evidência máxima da permutabilidade
entre os vários campos do saber. Não podemos isolar áreas do
conhecimento humano baseados, apenas, em suas especificidades.
Devemos, sim, perceber os diversos sentidos que os encontros do rigor
científico com a subjetividade ressoam em ecos que se espalham aos
tantos ventos.
Pensar
o dialogismo como construtor de sentido não é apenas evidência das
transformações necessárias à nossa atualidade, é, também, um
modo de perceber que todas as áreas do conhecimento estão atreladas
às práticas sociais e que, no dialogismo e intertextualidade,
reside o estabelecimento de bases para os construtos culturais.
Fonte: SANTOS,
Moises Lucas dos. Poética,
Diálogo e Razão.
Fonte: BOEIRA,
Sérgio Luís. Aprender
com a cabeça e com o coração.