segunda-feira, 2 de setembro de 2013

De Mestres Cervejeiras à Produtos Publicitários


As Mestres
Na profundeza da Amazônia, há 10 mil anos atrás, uma mulher da idade da pedra sentada num círculo dava o seu primeiro passo à antiga arte da cerveja. Ao contrário dos tempos contemporâneos, a cerveja era exclusividade das Amazonas e a técnica era passada de mãe para filha. Há 6.000 anos e por milhares de anos na Babilônia e Suméria, vários tipos de cervejas eram produzidas pelas mestres cervejeiras e somente as mulheres tinham a permissão de reunir os estranhos ingredientes desta forma antiga da bebida. De acordo com Alan Eames, historiador inglês, a Deusa Hathor no antigo Egito era conhecida como a criadora da cerveja, e os Fenícios atribuem a criação da cerveja a três mulheres: Osmotor, Kapo e Kalevatar. No século XVII, documentos ingleses mostram que 78% dos cervejeiros licenciados eram mulheres.


Os Prutudos
Elas dominavam o mercado até a Revolução Industrial, período que surgiram obstáculos culturais e econômicos para a sua permanência nesta função, elevando o homem aos únicos Mestres Cervejeiros. A partir desta época a cerveja começou a ser tratada como um produto feito por homens e para homens e, junto com o novo pensamento cultural que enraizava na época, a mulher passou de cervejeiras à produtos. O marketing usou este conjunto de permissões culturais e sociais e transformaram o que seria homofobia e racismo feminino em uma piada para alavancar as vendas do mercado que então confirmou ser totalmente masculino. “A mulher não é como se fosse a cerveja”: é a cerveja. “Está ali para ser consumida silenciosamente, passivamente, sem esboçar reação, pelo homem.” Afirma a doutora em sociologia, Berenice Bento. A Coisificação foi tão intensa que a venda da cerveja através da mulher se tornou algo natural e cultural, em todas as publicidades podiam se ver a venda da bebida através do corpo feminino, engarrafando-o e oferecendo ao homem para o consumo, criando um forte conceito em que as mulheres existem apenas para servirem aos homens, e como é uma verdade aceita por todos porque não criar um paralelo? É um massacre simbólico ao feminino. É uma violência que alimenta e se alimenta da violência presente no cotidiano contra as mulheres.

O Caminho da Publicidade
Conforme a enriquecimento cultural, a evolução econômica, novos conceitos éticos começam se agregar na cabeça dos homens consumidores. As cervejas “Premium” e as “Artesanais” foram as primeira a darem passos contrários dessa desgastada fórmula mulher-consumível. Com o redesenho do marketing perante aos novos preceitos, a mulher tende a recuperar seu lugar verdadeiro: Mestre Cervejeira e consumidora.

Escrito por Samuel da Silva, Analista de Marketing.

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