terça-feira, 29 de outubro de 2013

O BRASIL ATRAI INVESTIDORES?

Entre os países que mais receberam fluxos de Investimento Estrangeiro (IED) em 2012, está o Brasil na quarta posição com um volume total de US$ 65 bilhões. Entretanto, o volume previsto para 2013 é de US$ 60 bilhões, 10% a menos que no ano passado.

O Brasil foi contemplado com recursos naturais que possibilitam a diversificação na matriz energética nacional e que possibilitam a garantia de auto-suficiência energética, vem enfrentando, há alguns anos um momento de estabilidade política e financeira, possui um grande mercado consumidor, entre outras vantagens competitivas, o que tem retraído os investimentos, então?

A redução do investimentos reside na conjunção adversa de fatores sócio- econômicos. e na imagem externa do país. O Brasil possui ordenamento jurídico prolixo e subordinado as orientações e vontades políticas . Há sempre um novo marco regulatório sendo discutido, um novo modelo de negócios sendo proposto. Há temas que são discutidos desde a edição da constituição, como por exemplo, a mineração em terras indígenas, e a participação de estrangeiros, em setores considerados estratégicos.


No ano passado, os contratos de concessão foram completamente modificados, inclusive no que tange aos parâmetros de remuneração , tributação e participação da iniciativa privada no modelo de negócio, o que deixou as empresas receosas em investir no país.

Não bastasse a constante indefinição normativa, o chamado Custo Brasil também deve ser considerado para determinar a atração de novos investimentos. A demora e a complexidade na liberação da importação de insumos, máquinas e equipamentos para os setores produtivos, diminui a rentabilidade do empreendedor e aumenta o custo Brasil.

No setor de saúde, há empresas aguardando a emissão de um certificado de boas práticas de fabricação há dois anos. Há fabricas que já estão prontas e aptas a produzir e que só estão fora de operação, em razão de pendências burocráticas. Da mesma forma, há laboratórios que investiram recursos em pesquisa e desenvolvimento, esperando cerca de oito anos, para conseguir a emissão de um registro de determinado medicamento.Os produtos que necessitam ser submetidos ao aval da Anvisa, como medicamentos biológicos destinados a indústrias farmacêuticas, chegam a esperar quase um mês.

Da mesma forma, no setor de energia elétrica há parques eólicos gerando energia sem poder transmitir o insumo ao usuário final, por falta de emissão de licença de operação ambiental. Cabe ressaltar que a ausência desta licença provocou o acionamento de termelétricas gerando energia, suja e cara, que vêm sendo paga pelos os consumidores.

Os procedimentos burocráticos desnecessários impedem a adesão de indústrias brasileiras a cadeias internacionais de valor e as "desintegram" do restante do mundo, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB).
   O governo vêm tomando uma serie de medidas para reduzir o Custo Brasil, quais sejam: a adoção, até o final do ano, de uma "janela única" para o processamento de exportações e importações, o implemento de um modelo simplificado para a emissão de licenças ambientais, a edição de um novo decreto para regulamentar questões sanitárias, entre outros.

A Receita Federal igualmente prometeu para 2014 a oferta de um aplicativo para tablets e telefones celulares destinado aos importadores interessados em acompanhar o processo do embarque à liberação no Brasil. Os que lidam com o comércio exterior, porém, estão acostumados a atrasos também no cumprimento das promessas oficiais.

Para se tornar atrativo aos investidores, o Brasil precisa demonstrar acima de tudo que tem comprometimento com a iniciativa privada, simplificando e dispensando exigências burocráticas necessárias, reduzindo a carga tributária e melhorando a distribuição logística.

Neste sentido, a iniciativa do governo em promover o debate e principalmente se propor a solucionar os entraves, é louvável . Mas como diz o ditado " de boas intenções o inferno esta cheio" , sendo assim é chegada a hora de se colocar em prática novas ações em prol do desenvolvimento, o que certamente atrairá investidores.

*Escrito por Isabela Vargas, advogada, especialista em regulação econômica e sócia da Eficiência Consultoria e Projetos (www.eficienciaprojetos.com.br)

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Como atingir resultados organizacionais em 6 etapas!


(diversas esferas)

Pensar em uma organização como um conjunto de sistemas, processos e pessoas que interagem entre si já não é mais suficiente. Infelizmente essa visão acaba por segregar departamentos e pessoas criando o fenômeno das ilhas de competências. Especialistas são desenvolvidos mas não integram sinergicamente o todo da organização.

É fácil perceber que a natureza, o corpo humano e organizações devem trabalhar em conjunto mas o mais importante é que uma parte é interdependente das demais. Exemplo: Não há como viver sem o sistema circulatório. Da mesma forma as organizações modernas e competitivas não vivem sem seu planejamento financeiro atrelado ao plano de marketing e sua gestão eficaz do capital intelectual.

Parece complexo trabalhar pensando em rede mas na realidade não é. O natural é pensar em rede mas nosso modelo mental (Peter Senge) está atrelado a um modelo de gestão do passado (modelo industrial). 

Pretendo nesse breve artigo ilustrar algumas etapas para se conseguir reduzir o GAP sistêmico das empresas. Aproximando todos os sistemas da organização afim de obter uma ação sistêmica. Na realidade não devem haver ilhas nas empresas mas sim um time multifuncional.


(uma esfera)

Ilustrei com esferas para tornar visível a diferença de visualizar várias esferas ou apenas uma com diversos segmentos.

Peter Drucker, no final dos anos 1980, chamava a atenção para o fato de que "nos próximos 20 anos" os grandes negócios terão pouca semelhança com a companhia industrial típica dos anos 1950, que nossos livros-textos consideram a norma. Em vez disso, é muito provável que se pareçam com organizações a que nem o administrador atuante, nem o estudante de administração dão muita atenção hoje: o hospital, a universidade, a orquestra sinfônica.

Sugestão de 6 etapas para atingir o novo modelo de gestão sistêmico:

1) Planejamento estratégico organizacional.

Nessa etapa é fundamental a participação do departamento de MKT & RH. Peter Drucker e a FGV têm diversas pequisas/dados sobre o problema da comunicação interpessoal em projetos. O profissional de RH/Gestão de Pessoas que conhecer a teoria de Lawrence Kohlberg sobre o Desenvolvimento Moral e ajudar na aplicação em times obterá o máximo resultado.

2) Planejamento estratégico de MKT & RH.

Alinhamento interno dessas 2 áreas é fundamental pois são áreas complementares como finanças e administração. Aqui cabe enfatizar que diversas empresas não tem essas duas áreas trabalhando em conjunto.

3) Desenvolvimento do mapa de competências organizacionais e humanas.

Organizacionais relacionadas ao sucesso da empresa. Humanas relacionadas ao sucesso dos colaboradores.

4) Avaliação do sistema de TI utilizado.

Nessa etapa cabe avaliar se o sistema de TI utilizado atende aos novos desafios. Geralmente são envolvidos nessa análise colaboradores da área de Tecnologia da Informação e RH.

5) Estratégias BSC (Balanced Score Card), Táticas e Avaliação PDCA.

BSC - Kaplan e Norton


Táticas - Planos de Ações por Estratégia



PDCA - Diagrama de avaliação


6) Desenvolvimento da gestão do Capital Intelectual.

O profissional de gestão não deve ser meramente operacional em suas atividades. A gestão estratégica do Capital Intelectual da empresa visa alinhar junto com os Dirigentes o futuro cenário financeiro atrelado com métricas de crescimento do capital humano. 

Espero ter contribuído de forma simples e resumida para o sucesso em suas organizações. 

Estou à disposição,
Tiago Nunes.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As incríveis cidades que encolheram

Menos casas, menos escolas, menos empregos. 

Saiba como ex-metrópoles se preparam para um futuro menor.



Demitiram o Robocop. Se um dia ele for criado, o policial ciborgue não terá subúrbios violentos de Detroit para fazer sua ronda. "Em um futuro próximo", a cidade vai fazer algo que nenhuma distopia dos anos 80 previu: diminuir. 

Este ano, Detroit deu início ao espetáculo do descrescimento: fechou escolas, cortou coleta de lixo e oferta de água, gás e esgoto em vários bairros, além de demolir 3 mil casas - em 2011, serão mais 7 mil. No Brasil, ações semelhantes renderiam impeachment - em Robocop 3, por exemplo, geraram revolta popular. Mas, em uma cidade com metade dos habitantes que já teve e um terço do território abandonado, garantiram a reeleição do prefeito. 

Estima-se que mais de 200 cidades médias e grandes nos EUA, na Europa e até no Brasil estão diminuindo, seja pela emigração de indústrias, seja pela redução das atividades que as fizeram crescer. Depois de décadas tentando recriar o passado, agora elas buscam soluções para encarar a nova realidade. Será que menos pode ser mais? 

Em Detroit e outras cidades americanas, a marcha à ré foi acionada pela longa agonia da indústria automotiva. Depois de passar por negação, raiva, negociação e depressão, a cidade finalmente chegou ao último estágio clássico do luto: aceitação. A ideia agora é tornar a cidade vazia mais enxuta, para reduzir o gasto público e melhorar a qualidade de vida de quem ficou. Em vez de continuar a investir em áreas pouco povoadas, o consenso é que se deve concentrar gastos nas áreas consideradas mais viáveis e transformar os bairros fantasmas em parques e fazendas. 


Diminuir para melhorar é o desafio de Flint, também em Michigan, primeira sede da GM - que já teve 79 mil funcionários na região e hoje emprega 8 mil. Os planos incluem reduzir a área urbana em 40% e cobrir o resto de verde. "Vamos criar a nova floresta de Flint, trocar decadência por qualidade de vida", diz Dan Kildee, porta-voz do movimento para reduzir a cidade. "A questão não é se essas cidades estão encolhendo - todas estão -, mas se vamos deixar isso acontecer de uma forma destrutiva ou sustentável." 

Redução global:


Na região de Manchester, berço da revolução industrial, a população é metade da de 1930. A queda do Muro de Berlim provocou uma emigração em massa rumo ao Ocidente: na antiga Alemanha Oriental, há mais de 1 milhão de apartamentos abandonados. No Japão, enquanto o inchaço de Tóquio sugere crescimento, a maior parte das cidades encolhe, por causa das taxas de natalidade cada vez menores.

No Brasil, o caso mais emblemático de despovoamento é o de São Caetano, no ABC paulista. Em 1980, a cidade tinha 163 mil habitantes, contra 137 mil em 2006. Apesar de ter uma mão de obra altamente qualificada, assim como em Detroit a região perdeu boa parte de seu parque automotivo para re-giões com impostos e sindicatos mais brandos. "O deslocamento das indústrias para outras localidades desestruturou a economia do maior parque automobilístico do país", explica o professor Sergio Moraes, do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade na Universidade Federal de Santa Catarina.





Sergio também é membro do Shrinking Cities International Research Network, projeto criado pelo alemão Phillipp Oswalt para analisar o despovoamento das cidades no mundo contemporâneo e que reúne mais de 100 cientistas, arquitetos, artistas e designers. O desafio deles é propor soluções arquitetônicas que ajudem as cidades que encolhem a conviver com seu novo, imprevisto e indesejado tamanho. É péssimo que a sua cidade encolha, claro. "Mas é preciso aceitar o processo como uma via de evolução da cidade, lidar com a situação em vez de negá-la", diz o pesquisador. Nos EUA, já está ocorrendo até uma mudança de terminologia, trocando "cidades que encolheram" por "cidades do tamanho certo". 



Mudar para menor:


O trabalho coordenado por Oswalt sugere que o encolhimento de cidades vai continuar e atingir novas áreas nas próximas décadas. 


Se hoje as regiões abandonadas são as suspeitas de sempre, áreas decadentes, como distritos industriais e grandes blocos de apartamentos, mais adiante a desurbanização deve ocorrer até nos hoje valorizados prédios de escritórios. A comunicação móvel e sem fio deve incentivar cada vez mais gente a trabalhar em casa, reduzindo drasticamente a necessidade de espaço em prédios comerciais. Além disso, após uma fase de expansão dos condomínios cada vez mais distantes, deve haver uma reconcentração populacional, gerada pelos custos com transporte e pelas limitações à mobilidade de uma população mais velha. Resta saber como os velhos centros vão receber seus novos moradores. 


Diante dessa realidade, cada município minimizado vai ter de escolher se chora sobre o limão derramado ou se faz uma limonada urbanística. Todas essas cidades têm na mão a chance de se tornarem mais eficientes e sustentáveis. E até de conseguir elevar a qualidade de vida da população, na contramão da crise que fez a cidade encolher. Segundo o arquiteto Dan Pitera, diretor do Detroit Collaborative Design Center na Universidade Detroit Mercy: "Quando uma cidade encolhe, surge uma oportunidade para a mudança".

Fontes: Super Interessante e Shrink Cities Institute