domingo, 28 de julho de 2013

A ascensão e queda de Eike Batista

O Ex-Midas

Na história do capitalismo brasileiro, nenhum empresário conheceu a glória e a derrocada tão rapidamente, quanto Eike Batista. Em pouco mais de um ano, ele deixou de ser o oitavo homem mais rico do mundo, festejado pela elite mundial dos negócios, para mergulhar em uma crise que o levou, inclusive, para fora do clube dos bilionários. 
foto de família de eike batista
Infância
Eike é filho de Eliezer Batista, ex-ministro de Minas e Energia do Brasil e conhecido por presidir a Vale, quando ainda era estatal e se chamava Vale do Rio Doce. Da infância, o empresário lembra com carinho das lições da mãe, Jutta. Para curar sua asma, por exemplo, a mãe o obrigou a aprender a nadar, algo que foi interpretado por ele como uma aula para fortalecer sua força de vontade.

O patriarca

Eliezer Batista com os filhos, Werner, Lars, Eike e Dietrich, na sessão especial do documentário "Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil", em novembro de 2009. Os críticos de Eike afirmam que sua rápida ascensão deveu-se a supostas informações privilegiadas passadas por seu pai, ex-ministro de Minas e Energia e ex-presidente da Vale. Eike sempre negou que fosse favorecido por esse relacionamento.
Eliezer Batista com os filhos, Werner, Lars, Eike e Dietrich, na sessão especial do documentário "Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil", em novembro de 2009.

No começo da carreira

Eike Batista faturou seus primeiros milhões extraindo ouro no Norte do país. Segundo ele, esta foi a sua maior escola, pois entendeu que um negócio só para de pé, se for "à prova de idiotas", como repetiu várias vezes. Nesta foto, de fevereiro de 1993, Eike era o presidente da Companhia Nacional de Mineração.
Eike, em fevereiro de 1993, quando era presidente da Companhia Nacional de Mineração.

Laços antigos

Muito brasileiros ouviram falar de Eike, pela primeira vez, como o então marido da atriz  Luma de Oliveira. Luma chegou a despertar a fúria das feministas, no Carnaval de 1998, ao desfilar pela escola de samba Tradição com uma coleira com o nome de Eike. Três anos depois, Eike foi retratado ao lado da atriz, na festa de lançamento da edição da revista Playboy em que posou nua, na Boate Scotch, em maio de 2001. Luma é a mãe dos filhos mais velhos do empresário, Thor e Olin.

Gosto pela aventura

Eike sempre cultivou um gosto pela aventura e pela velocidade. Em janeiro de 2006, o empresário estabeleceu um novo recorde para a travessia Santos-Rio. Com uma lancha de dois motores de 1.800 cavalos, Eike realizou o trajeto em 3 horas e 1 minutos – 30 minutos mais rápido que o recorde anterior.

O início do império

Em 24 de julho de 2006, Eike lançava na Bolsa de Valores de São Paulo a sua primeira empresa de capital aberto: a mineradora MMX. O IPO levantou 1,1 bilhão de reais, com os estrangeiros respondendo por 76% do total de investidores. Era o início de uma trajetória meteórica. Nos anos seguintes, Eike abriria o capital de mais quatro empresas.
Obras do Superporto Sudeste, da MMX, em dezembro de 2012

Energia para os negócios

Em 14 de dezembro de 2007, Eike realizou seu segundo IPO, o da MPX, sua empresa de energia. A operação captou 2,03 bilhões de reais, com 71% dos investidores vindos do exterior. Sua proposta era gerar energia térmelétrica, a partir de reservas de gás. Hoje, é considerada a empresa mais saudável do Grupo EBX. Neste ano, Eike perdeu o controle da MPX para a alemã E.ON e deixou as presidências do conselho de administração e da diretoria.

A LLX ganha vida própria

Ainda em 2008, a LLX é desmembrada da MMX e ganha autonomia. A operação foi decorrência da venda de uma parte da MMX para a mineradora Anglo Americana, em janeiro daquele ano, por 5,5 bilhões de dólares. Na ocasião, 85% do capital da LLX pertencia à MMX. Os demais 15% estavam nas mãos do fundo de pensão canadense Ontario Teachers Pension Plan. A OTPP resolveu vender sua fatia na bolsa, o que levou à abertura de capital da LLX sem que um IPO fosse feito.

US$ 100 bilhões em dez anos

Em fevereiro de 2010, pouco antes do IPO da OSX, Eike Batista participou do tradicional programa de entrevistas do jornalista americano Charlie Rose. Questionado por Rose sobre quanto de riqueza esperava ter ao final dos próximos dez anos, Eike não titubeou e cravou 100 bilhões de dólares. Diante do espanto do apresentador, o empresário apenas disse: "Sim... fazer o que? Estou com sorte". Se alcançada, a cifra o tornaria o homem mais rico do mundo. Na ocasião, Eike era o 61º na lista da Forbes, com 7,5 bilhões de dólares.

Com o poder

A fama e os bilhões que Eike mobilizava o aproximou do poder. Aqui, o empresário participa da recepção do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Hu Jintao, então presidente da China, no Itamaraty, em abril de 2010.

Primeiro barril

Na última semana de janeiro de 2012, após sucessivos atrasos no cronograma, a OGX finalmente extraiu seu primeiro barril de petróleo. Apesar da pressão, naquele momento, analistas e investidores ainda viam com simpatia as empresas X. A avaliação geral era de que, apesar dos problemas, nenhuma petroleira fora criada tão rapidamente quanto a de Eike.
Eike Batista entre Dilma Rousseff e Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, participando da extração do primeiro óleo da sua empresa OGX

No auge

Em março de 2012, Eike Batista atingia o auge de sua trajetória. A agência de notícias Bloomberg, que acompanha diariamente a variação da fortuna dos mais abonados, o colocava como o oitavo homem mais rico do mundo, com um patrimônio estimado em 34,5 bilhões de dólares.

Queda livre

Em 29 de junho, apenas três dias após a OGX rebaixar a previsão de produção de Tubarão Azul, a crise de confiança dos investidores atingira todas as empresas X listadas na bolsa. A contaminação fez com que Eike despencasse de 7º homem mais rico do mundo (pelo ranking da Forbes) para 46º, segundo a revista americana. Sua fortuna era avaliada, então, em 13 bilhões de dólares.

O pior do mundo

Em julho de 2012, uma pesquisa publicada pela revista Bloomberg Markets citou Eike em uma situação nada honrosa – a de ter liderado a pior abertura de capital do mundo, desde 2008, quando a falência do banco americano Lehman Brothers detonou a crise financeira mundial. Coube à OSX, o estaleiro de Eike, colocá-lo nesta incômoda posição, ao cair 43% na bolsa brasileira, nos 90 dias seguintes ao IPO.

Bancando o jogo


Em outubro de 2012, para reforçar sua confiança nos negócios que criou e estancar a queda na bolsa, Eike anunciou que estava disposto a injetar até 2 bilhões de dólares em duas de suas empresas mais afetadas, a petroleira OGX e o estaleiro OSX. No caso da OGX, a opção de compra, estimada em 1 bilhão de dólares, vence em 30 de abril de 2014.

Perda da coroa

A forte queda das ações de empresas do Grupo EBX corroeu a fortuna de Eike, a ponto de colocá-lo em uma situação impensável no início de 2012: a de perder a posição de homem mais rico do Brasil. No final de novembro, a Bloomberg estimou seu patrimônio em 18,6 bilhões de dólares, atrás dos 18,9 bilhões de Jorge Paulo Lemann, um dos donos da AB InBev e do Burger King.
O empresário Eike Batista, dono do Grupo EBX

Bilionário anônimo

Em fevereiro de 2013, a Bloomberg dava uma medida de como a confiança dos investidores em Eike havia evaporado. Segundo a agência, o empresário não figurava mais entre os 100 homens mais ricos do mundo. Seu patrimônio, de acordo com a Bloomberg, estava abaixo de 10 bilhões de dólares. Semanas depois, a Forbes, que mantém sua própria lista de bilionários, ainda o colocava em 100º lugar, mas avaliava que ele havia perdido 2 milhões de dólares por hora, no último ano.

O último aliado

Em março deste ano, Eike contratou o BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, como assessor. O objetivo era elaborar um plano de salvação do grupo. O BTG é, também, um dos maiores credores da EBX. Rapidamente, os planos passaram de uma reestruturação para a venda de ativos, a fim de levantar dinheiro para quitar dívidas e tocar alguns projetos.

Atraso indesejado

Em abril, a portadora de uma má notícia foi a MMX. A empresa informou que a expansão do projeto de Serra Azul, o seu principal empreendimento, será atrasado em um ano e meio. Os motivos são a desaceleração dos investimentos da mineradora e as dificuldades para obter licenças e linhas de crédito. A expansão, que elevaria a capacidade produtivo para 29 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, estava prevista para ser concluída no segundo semestre de 2014.

À pé

Em meio à crise, Eike pôs à venda um de seus jatos, o Legacy 600, da Embraer, usado para voos pelo Brasil. Com preço de tabela de 26 milhões de dólares, estima-se que o aparelho de Eike, por ser usado, valha agora 14 milhões. Para os voos internacionais, Eike ainda possui um jato Gulfstream G550, cujo preço de tabela é de 60 milhões de dólares.
Legacy 600

Fundo do poço

As medidas para estancar a crise de confiança das empresas de Eike não surtiram efeito. Na tarde de 13 de junho, o valor das ações da OGX ficou abaixo de 1 real pela primeira vez, desde a sua abertura de capital. O mau humor dos investidores foi causado pela divulgação, naquela época, de que Eike havia vendido 70 milhões de ações da OGX no final de maio por 121 milhões de reais. A operação foi interpretada pelos investidores como um sinal de que nem o dono da OGX já confia nela.

Para o "lixo"

Em 16 de junho, a agência de classificação de risco Fitch cristalizou a desconfiança do mercado em uma medida radical: rebaixou a nota de risco da dívida da OGX para CCC. Traduzindo: é a classificação considerada "lixo" pela agência, dada para empresas bem próximas do calote. A Fitch argumentou que tem dúvidas quanto à capacidade de a OGX honrar seus compromissos nos próximos 18 meses. Como era de se esperar, o caso afundou ainda mais as ações da empresa na bolsa, que consolidaram o patamar abaixo de 1 real.

LLX à venda

Em junho, a LLX comunicou oficialmente que contratou assessores financeiros para avaliar a venda de ativos e possíveis operações societárias - jargões que significam, na prática, que a empresa pode vender bens ou que Eike pode vender sua parte nela. O principal ativo da LLX é o Porto do Sudeste, ainda em construção, no qual o empresário idealizou um polo petroleiro.
LLX e o Superporto do Açu

Na mão

No começo de julho, Eike Batista sofreu um duro golpe de seu último aliado. O BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, cancelou uma linha de crédito de 1 bilhão de dólares para o grupo EBX. O dinheiro fazia parte do acordo fechado em março, pelo qual o BTG prestaria assessoria financeira a Eike e o ajudaria a sair do atoleiro. Fontes do banco informaram à imprensa que o cancelamento ocorreu após o acordo ser revisado, mas não forneceram detalhes. Nem o BTG, nem a EBX, se pronunciaram a respeito.

Na mira dos minoritários

Com a crise destruindo o valor das empresas de Eike, os minoritários também começaram a se articular. Grupos de investidores começaram a ser formados, como a União dos Acionistas Minoritários do Grupo EBX (Unax). Em julho, a Unax informou que estudava pedir o bloqueio dos bens do bilionário, a fim de compensar parte das perdas de quem apostou no grupo.

Sob investigação

A discrepância entre as informações divulgadas ao mercado pelas empresas de Eike, e os reais resultados que apresentaram, levou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a investigar seus procedimentos. Segundo a agência de notícias Reuters, a autarquia abriu mais de 15 apurações de casos envolvendo o Grupo EBX nos últimos meses.

Perdendo os X-Men

O conselho de administração das empresas de Eike costumavam ostentar nomes de peso do cenário econômico e de negócios do Brasil. A crise, porém, levou muitos a se afastarem do empresário. Entre eles, o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, a ex-presidente do STF, Ellen Gracie, e o ex-ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho.

Mea culpa

Em meados deste mês, Eike se manifestou pela primeira vez sobre a crise que arrasou sua credibilidade e sua fortuna. Em um artigo publicado nos jornais Valor Econômico e O Globo, o empresário admitiu que falhou e decepcionou muita gente. Ele afirmou, porém, que sempre agiu de boa-fé e assinalou que seu maior erro foi confiar demais em seus colaboradores. No final, disse que ninguém perdeu mais do que ele com tudo isso.
O empresário Eike Batista

Agora um ex-bilionário

O último e muito simbólico episódio envolvendo Eike ocorreu nesta semana. A agência de notícias Bloomberg, que acompanha diariamente a evolução do patrimônio dos homens mais ricos do mundo, divulgou uma reportagem informando que Eike não é mais um bilionário. Após o acordo com o Mubadala, sua fortuna teria caído para 200 milhões de dólares. Um patamar bem amargo para o homem que sonhou publicamente em ser o mais rico do planeta.
O empresário Eike Batista

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Robô no RH e Big Data

Rastreamento de dados fica mais barato e passa a ser usado para recrutar candidatos a vagas

O trabalho que a neurocientista americana Vivienne Ming, 41, desenvolve na empresa californiana de tecnologia Gild tem ligação com a mudança de sexo pela qual ela passou há cinco anos.

Depois da cirurgia, Ming, que era professora da Universidade da Califórnia (Berkeley), percebeu que as pessoas de seu círculo profissional começaram a tratá-la de forma diferente --os alunos passaram a ignorar sua especialidade, a matemática, para falar sobre assuntos mais leves.

Na companhia onde trabalhava, ela deixou de ser chamada para eventos sociais e, consequentemente, fechou menos contratos e perdeu oportunidades.
Um fato da vida particular que não tinha relação com o trabalho começou a ofuscar suas habilidades no mercado profissional.

A Gild, onde Ming trabalha hoje, atua na busca de profissionais para outras corporações e tem como objetivo encontrar os candidatos que mais se encaixem no perfil da vaga, independentemente de sua vida privada. Para isso, usa uma ferramenta da moda: "big data" (busca e processamento de grandes quantidades de dados).
A empresa atualmente recruta profissionais especializados, principalmente programadores de software.

Para encontrar os melhores, vasculha a web para filtrar informações desde a forma como a pessoa se descreve na página do LinkedIn, passando pela participação dela em fóruns do setor e por quantas vezes os códigos de software que ela desenvolve são copiados na rede.
A cada uma dessas métricas é atribuído um valor. No fim do processo, os candidatos são avaliados com uma nota que vai de 1 a 100.

"Pode parecer estranho contar uma história com dados matemáticos, mas funciona. Esses pequenos pedaços de informação sobre uma pessoa são a melhor maneira de descrevê-la", afirma Ming.

O uso de "big data" no mercado de trabalho é mais recente do que em áreas como o varejo digital, mas há pontos em comum.

Um exemplo conhecido de como a ferramenta funciona no comércio pela web são as recomendações de produtos que lojas como a Amazon fazem aos clientes, com base em itens que eles já compraram. De forma parecida, um usuário que navega pela rede social profissional LinkedIn irá topar com uma seção chamada "trabalhos que podem interessar".
"A rede social tem um algoritmo que entende a vaga e olha para a base de usuários para fazer um casamento'", explica Osvaldo Barbosa de Oliveira, 55, diretor geral do LinkedIn Brasil. Ele afirma também que esse algoritmo uma fórmula matemática que compara e atribui relevância a dados a princípio "soltos" é constantemente atualizado.

QUEM PROCURA ACHA

Jamey Jeff, 37, cofundador da RemarkableHire, outra consultoria dos EUA que usa "big data", diz que o motivo pelo qual estão surgindo negócios assim é que a tecnologia permite que as companhias se aproximem da maioria dos profissionais --e não só dos que estão ativamente em busca de um emprego.
A empresa dele também busca dados sobre programadores espalhados em várias comunidades da web, como o Stack Overflow ou GitHub, sites onde desenvolvedores compartilham o código de programas que escreveram.
Analisando o código compartilhado nesses sites, é possível avaliar a qualidade do trabalho do profissional antes mesmo de conhecer seu currículo.
Depois, os escolhidos participam de um processo seletivo comum, com entrevistas, por exemplo.

Hoje, essas ferramentas funcionam quase exclusivamente para engenheiros de computação, mas Ming diz que a sua meta é ampliar o tipo de profissional que pode ser avaliado e quantificado com esse tipo de técnica.
Ela afirma que já é possível usar algoritmos para encontrar bons designers e prevê o mesmo para vendedores em um futuro próximo.
O problema é que informações extraídas de um site público (chamadas de não estruturadas) podem não ser muito confiáveis, diz Lisias Laurette, diretor-executivo para a América Latina da Serasa, que também lida com grandes volumes de dados.
"É difícil saber se uma informação pública, tirada da internet, é boa ou ruim", diz.
Mas Ming diz que o método corrige isso justamente por ser big', ou seja, por agregar centenas de variáveis pulverizadas para formar uma equação "robusta".
O que os algoritmos baseados em dados não estruturados (obtidos por terceiros) não conseguem captar tão bem são informações sobre formação escolar ou de comportamento, diz Peter Kazanjy, 33, fundador da norte-americana TalentBin, que também atua nesse mercado.

CIÊNCIA
A empresa norte-americana de sistemas de tecnologia Red Hat usa esse tipo de tecnologia para contratar. Lawrence Brock, vice-presidente de talentos da companhia, afirma que recrutar usando "big data" virou o procedimento padrão para achar engenheiros de softwares e que já se aproximou de centenas de profissionais dessa forma.
"As soluções antigas de recrutamento não dão uma perspectiva da qualidade do candidato do qual você está se aproximando. O big data' introduz um pouco de ciência nesse primeiro passo."

Segundo Brock, os candidatos oriundos desse tipo de rastreamento têm uma chance maior de se saírem bem nas fases seguintes do processo de seleção.
Mas ele não faz comparações com o desempenho dos que foram efetivados, pois todos os que passam pelo crivo da seleção, independentemente da maneira como chegaram à entrevista, foram considerados bons.

A Red Hat tem funcionários no Brasil e, pelo contrato com a consultoria de recrutamento, poderia usar as ferramentas para achar profissionais no país, mas isso ainda não foi feito.
Trata-se de algo muito novo a Gild, uma pioneira nesse mercado, existe há apenas um ano e meio e ainda deve demorar para se tornar comum no Brasil.
O que existe por aqui é "big data" para avaliar em tempo real o desempenho dos funcionários.

LUZ VERMELHA

Gregory Marrufo, 48, vice-presidente do Walmart Brasil, explica que a empresa usa algoritmos cada vez mais sofisticados para avaliar os funcionários.
A diretora de RH Janaina Maia, 36, conhece bem como funcionam essas avaliações.
Ela entrou na corporação como operadora de caixa. O número de itens que escaneava por minuto, a quantidade de clientes que ela atendia por hora e o tempo que demorava para passar de uma conta para outra eram métricas que compunham a equação para avaliá-la.
Mais tarde, ela se tornou supervisora dos operadores de caixa e as métricas que passaram a compor o algoritmo da nota viraram as "quebras" (falta ou sobra de dinheiro em uma registradora quando ela é fechada) e a quantidade de vezes em que as luzes vermelhas acendiam (no supermercado, isso significa um caixa parado).
A avaliação, explica Marrufo, vem como uma nota. Mas os dados quantitativos não são os únicos que entram na avaliação.
O chefe imediato de cada um preenche um formulário dizendo, por exemplo, se a pessoa tem um comportamento adequado e condizente com o da empresa. Isso é computado na nota do funcionário.

Depois disso, traça-se um plano para aprimorar a maneira de o profissional trabalhar. Maia conta que, quando era supervisora, seu chefe disse que ela não lidava com os operadores de caixa de forma delicada. Juntos, fizeram um plano para melhorar esse ponto.
"As pessoas querem ser avaliadas e esperam isso da companhia [para crescer na carreira]", diz Marrufo.
É o oposto do que afirma o autor Kenneth Cukier, que considera que o trabalhador pode perder liberdade.

ESTÍMULO
Há quem diga que as avaliações em tempo real motivam. É o caso de Iuri Lima Ribeiro, 23, coordenador de relações com os consumidores da Mobly, que vende móveis pela internet.
Ribeiro começou como estagiário e era responsável por acertar a configuração da página da loja na web para que os usuários comprassem mais. Ele se destacou e o promoveram ao posto atual, no qual envia e-mails para consumidores. Quanto mais clientes abrirem as mensagens, melhor para ele.
Os pesos das variáveis da avaliação são alterados constantemente, diz o diretor de marketing, Cesário Martins.

"Temos que entender como funciona a operação de cada canal de comunicação para acertar a métrica dos funcionários."

Fonte: Folha de São Paulo


sábado, 13 de julho de 2013

O Princípio da Elasticidade

Nos dias que correm, o ambiente empresarial tende a ser cada vez mais exigente, seja pelas necessidades do mercado ou pelas exigências dos empregadores.

É essencial ser um bom profissional (de preferência o melhor naquilo que fazemos) se queremos ter sucesso, mas será que isso chega?

Imagem de  Flickr/theoilman

Num contexto em evolução, o mundo dos negócios exige uma actualização constante das nossas competências e dos nossos talentos, de forma a conseguirmos acompanhar as mudanças e nos tornarmos parte integrante das mesmas.
Nesse sentido, já não basta sermos muito bons naquilo para que nos contrataram. Se queremos fazer a diferença e ser reconhecidos como mais-valias para as nossas equipas, para os nossos empregadores e para as empresas que representamos, devemos praticar aquilo a que eu carinhosamente chamo de “Princípio da Elasticidade”.

O Princípio da Elasticidade consiste em irmos além das nossas funções profissionais básicas estabelecidas e sermos a “força de vendas” em toda e qualquer circunstância.
Trata-se de sermos profissionais visionários, capazes de identificar pontos a melhorar no nosso contexto profissional, e sempre que a ocasião surgir, exercermos a acção necessária para por em prática tais melhorias, com vista à satisfação dos clientes e atingir das metas estabelecidas.

Enquanto profissionais, temos responsabilidades essenciais para com a equipa em que nos inserimos e para com os clientes que servimos.
Quanto mais coesa for uma equipa, mais eficaz ela se torna. Enquanto animal social, o Homem tem a necessidade de viver em harmonia com os seus pares, até para que as relações se estreitem e a entre-ajuda prevaleça.
Em ambiente empresarial, este conhecimento passa obrigatoriamente pelo Princípio da Elasticidade.
Para que a equipa tenha sucesso no seu propósito (fazer mais vendas, oferecer um atendimento com mais qualidade, etc), é vital que os seus membros sejam capazes de responder aos desafios apresentados, dotando-se de flexibilidade para cumprir quaisquer tarefas que haja necessidade de garantir.

Da mesma forma que um gestor de Recursos Humanos deve ser capaz de interceder se houver necessidade de atender os telefones, porque a recepcionista ficou doente; um técnico de informática deve ser capaz de liderar e motivar a sua equipa num momento de mudança de abordagem ao mercado, ou um gestor de departamento deve ser capaz de promover a venda junto de um cliente em dúvida – cada um de nós é essencial para o sucesso da empresa que representamos, e consequentemente do nosso próprio sucesso.

O Princípio da Elasticidade diz-nos isso mesmo: que devemos ter a capacidade de ser flexíveis, elásticos, e identificar os cenários que aparecem pelos olhos das outras pessoas  (e não apenas do nosso ponto de vista). Sendo pro-activos na procura de soluções, de melhoramentos, seremos capazes de promover um serviço de qualidade para com colaboradores e clientes.

E mais do que isso! Seremos capazes de inspirar outros a terem a mesma abertura perante as dificuldades.

Não há como “arregaçar as mangas” e fazer o que tem de ser feito. Tanto na carreira, como na vida.

Imagem de  Flickr/romanrainbow

Se nos cingirmos apenas e tão somente às tarefas que nos foram designadas pelo lugar que ocupamos, rapidamente seremos ultrapassados por alguém cuja visão inclua os colegas, os superiores, e os clientes.
É pela entre-ajuda e partilha de responsabilidades que seremos capazes de fazer a diferença no mercado – provando a cada instante que os clientes nos preferem por sermos os melhores.

Porque um Homem sozinho não faz “a revolução”.
Mas um Homem com amigos pode mudar o mundo. 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

ECONOMIZAR PODE SER LUCRATIVO


O objetivo de toda empresa é ser lucrativa, para tanto, os empresários contratam mão-de-obra qualificada, realizam novos investimentos, constroem um planejamento estratégico e trabalham arduamente para conseguir o resultado financeiro que esperam. Há, contudo gastos e despesas que podem ser diminuídas ou revertidas para possibilitar maiores ganhos.





 No setor elétrico o furto e a fraude de energia são considerados perdas comerciais ou perdas não técnicas, ou seja, tais falhas não decorrem de defeitos técnicos na condução da carga, mas sim de atitudes ocasionadas pelo próprio consumidor. As causas mais frequentes de perdas comerciais são: a inexistência ou defeito em medidores de consumo de energia elétrica, ou o furto de energia, realizado por intermédio de instalações clandestinas.

As distribuidoras de energia sofrem diversos prejuízos em razão das perdas não técnicas. Neste sentido, cabe destacar: a diminuição no orçamento de investimentos; a dificuldade em se atingir os indicadores de qualidade exigidos, pelo regulador, em razão da ligação direta de consumidores, que não estavam previstos no atendimento das distribuidoras, e que ocasionam interrupções no fornecimento do serviço; o pagamento de indenizações indevidas, por decisões judiciais sem uma análise mais cuidadosa do fato; além do próprio incremento de custos relacionados a despesas jurídico-processuais; entre outros.

No intuito de mitigar tais impactos, as distribuidoras têm adotado várias medidas, tais como: i) Instituir o procedimento da dupla notificação – a distribuidora envia duas notificações ao consumidor, antes de inscrevê-lo como inadimplente; ii) Corte e geração autônoma – algumas distribuidoras, interrompem o fornecimento de energia pela distribuidora e conectam as instalações um gerador para garantir o fornecimento nos próximos dias, ou até que o consumidor pague o que está devendo; iii) Negociação de dívidas – as distribuidoras podem facultar ao consumidor o parcelamento de suas dívidas, ou a negociação dos valores devidos; iv) Ação judicial – as distribuidoras podem ingressar com ação judicial, visando o pagamento devido pelo consumidor, v) Campanhas publicitárias – as empresas podem utilizar a mídia para conscientização do problema; vi) Promoção de cursos – implantação de equipes da distribuidora na região, com maiores perdas com objetivo de promover a utilização racional da energia, etc.

A tecnologia também tem se mostrado uma aliada no combate a perdas comerciais, através da substituição de medidores mecânicos por eletrônicos e da utilização de redes blindadas, que criam dificuldades para a concretização das perdas comerciais, já que passam a exigir mão-de-obra qualifica para criar o desvio de carga. Todavia, a tecnologia por si só não resolve o problema, que também é decorrente de influências culturais, regionais, econômicas e sociais.

Apesar de o problema das perdas comerciais ainda não ter recebido a atenção devida. Posto que seja preciso legitimar as investigações e fiscalizações realizadas pelas distribuidoras, bem como asseverar as penalidades civis e penais existentes para este tipo de conduta, já é possível vislumbrar alguns resultados positivos, com a adoção das medidas acima. Em 2011, a Ampla distribuidora de energia, do Rio de Janeiro, fechou o ano com o melhor índice de perdas de sua história, 19,66%, uma queda de 0,85 pontos em relação a dezembro de 2010, o que representou uma economia de milhões de reais.
Apesar de a empresa ter despendido receita com a adoção de tecnologias e com equipes que mobilizavam a comunidade para o uso da energia de forma mais racional, o resultado foi compensador, possibilitando a economia financeira e até mesmo uma mudança da imagem institucional da empresa. Cabe ressaltar que o valor da economia ainda poderá ser revertido para outras finalidades como, por exemplo, a expansão da rede básica.
Outro exemplo de economia inteligente diz respeito à adoção de softwares e aplicativos com objetivo de promover o controle e melhoria da saúde. O I-tunes disponibiliza mais de 12.000 aplicativos voltados a este objetivo. Segundo os dados da associação global de operadoras móveis (GSMA), a adoção da conectividade móvel para a saúde (m-health) pode proporcionar uma economia ao setor na Europa em quase 100 bilhões de euros em 2017. Segundo o levantamento, o impacto socioeconômico da tecnologia no continente ainda poderia adicionar 93 bilhões de euros ao PIB na região.
Ou seja, hospitais e centros de saúde que utilizem, por exemplo, softwares ou aplicativos para o agendamento de consultas online, podem economizar na contratação de recursos humanos e ainda garantir aos seus pacientes, o conforto e praticidade ao marcar suas consultas.
Como se vê iniciativas simples e baratas, em termos de investimentos, podem gerar resultados bastante expressivos. Desta forma, os gestores de empresas precisam olhar com mais acuidade a fonte das despesas, e o anseio dos consumidores. O referido binômio emitirá sinais referentes aos melhores investimentos a ser feitos.

No caso das empresas de energia ter-se aproximado dos consumidores através de campanhas de publicitária e da promoção da informação foi decisivo para inibir a reiterada prática de furto de energia, que acarretava o não faturamento da energia utilizada, ou seja, prejuízo. No caso das empresas de saúde, a ideia de facilitar a vida dos seus pacientes gerou economia, aumento de ganhos e reconhecimento social. Assim, economizar nem sempre será somente poupar o capital, em alguns casos pode representar novos ganhos.
* Escrito por Isabela Vargas, advogada, especialista em regulação econômica

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Boas Vindas do Time GN

Formalizo as cordiais boas vindas ao time:

- Isabela Vargas
- Samuel Magalhães
- Sara Martins



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