sábado, 16 de março de 2013

Visão Fragmentada x Visão Holística

O combate à visão fragmentada de mundo revela-se essencial para que seja alcançada uma visão mais holística das organizações. O termo "holístico" deriva do grego holon, que quer dizer "inteiro" ou "não fragmentado". A adoção de uma perspectiva mais holística na análise das organizações e das pessoas que as compõem representa um importante desafio para os gestores.

O cérebro humano, conforme revelam as últimas pesquisas sobre o assunto, possui uma estrutura e lógica de funcionamento muito mais próximas do holograma do que das máquinas, que representam o modelo inspirador das estruturas organizacionais tradicionais.



Vejamos algumas das principais características:

1) Cada neurônio está conectado a milhares de outros, permitindo um sistema de funcionamento ao mesmo tempo genérico e especializado. Tanto as pessoas quanto os setores organizacionais têm que buscar, concomitantemente, o conhecimento técnico especializado e visão global, integrada dos problemas.

2) O padrão de rica condutividade entre os neurônios permite ao indivíduo, ao mesmo tempo, diferentes tipos de informação e reconhecer o que está se passando à sua volta.Os sistemas e processos organizacionais tradicionais nem sempre consideram esta possibilidade, estruturando-se para receber e processar as informações de forma estanque e isolada. Em uma ambiência caracterizada por múltiplas demandas e relações inter-organizacionais e intra-organizacionais complexas, essa capacidade revela-se extremamente útil para as organizações.



3) O poder do cérebro depende mais de sua condutividade do que de sua estrutura. Apesar de possuírem um cérebro maior do que o nosso, os elefantes são menos inteligentes. Isso ocorre porque seus cérebros possuem interligações bem menos complexas. Portanto, o importante não é o tamanho da estrutura de um organização, e sim a capacidade que ela possui de articular-se, a qualidade de seus processos.

4) O cérebro trabalha de maneira probabilística, e não determinística. O modelo burocrático está fundamentado em uma visão em uma visão determinística da realidade, pressupondo que existe sempre o "certo"  e o "errado" e que é possível determinar-se, por meio de métodos científicos e da aplicação de leis e princípios gerais, a melhor forma de se revolver um problema. O dia a dia organizacional nos revela, porém, as limitações de qualquer teoria ou técnica e a necessidade de trabalharmos com probabilidades, e não com certezas.



5) Ao manter excesso de capacidade, o cérebro facilita o desenvolvimento de novas ideias e funções. Se utilizássemos nas tarefas cotidianas toda a nossa capacidade mental, jamais teríamos condições de produzir novas idéias, de evoluir. É justamente porque só utilizamos uma pequena parte de nossa capacidade que podemos estar sempre nos desenvolvendo. Esta lição precisa ser aprendida pela organizações que têm promovido cortes drásticos em sua estrutura e no quadro de empregados. Os exageros em tais cortes, promovidos pelos programas de downsizing, reengenharia e outros parecidos, podem levar à sobrecarga da estrutura e das pessoas.Quando isso acontece, só é possível a execução dos trabalhos rotineiros, deixando de ser buscadas as inovações tão necessárias para a competitividade.

Fontes: Morgan, Moscovici, Vergara e FGV.

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